quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Democracia à brasileira

Há de tudo nas eleições presidenciais norte-americanas de 2008: o candidato republicano John McCain é acusado de corrupção, racismo, infidelidade conjugal, aliança macabra com o imperialismo judeu - e muito mais; seu principal rival, o democrata Barack Obama, também é acusado de corrupção e racismo - e, vejam só, de infidelidade conjugal e de ser um títere nas mãos dos malditos e ultra-poderosos sionistas, embora a gente(?) saiba que na verdade ele é um criptoislâmico pronto para destruir sutilmente o liberalismo ianque. É assim que funciona a mais antiga e forte democracia do mundo: qualquer um fala e escreve o que bem (ou mal) entende sobre os candidatos e sobre suas posições políticas, religiosas ou sexuais - e cabe apenas a cada eleitor definir o que é digno de crédito ou não, selecionando como quiser seus produtos preferidos em um verdadeiro livre-mercado de idéias.
Enquanto isso, o nosso querido TRE carioca se rejubilou nessa quinta-feira por ter conseguido apreender panfletos apócrifos contra o candidato Fernando Gabeira; os perigosíssimos textos anônimos o acusavam, veja só, de corrupção - o tipo de acusação que McCain e Obama respondem, ou procuram responder, naquele terrível Império do Mal ao Norte. Por aqui, comentários desse teor (por melhor fundamentados que estejam) cada vez mais resultam apenas em censura, direito de resposta ou... prisão. Nos EUA, é o eleitor (esse idiota!) quem julga o que é ou não razoável, o que é ou não sandice e maledicência; na terra macunaímica, togados sapientes protegem nossas massas ignaras - e definem o que elas podem julgar ou não...

Avançados nosotros, não? Nada como mais uma lição de democracia e liberdade para engrandecer o nosso moderníssimo pleito eleitoral. Ianques, don`t go home! Go to Brazil and learn some things...