sábado, 20 de junho de 2009

De pé, ó vítimas

Na última segunda-feira, a Victims of Communism Memorial Fundation(Fundação Memorial das Vítimas do Comunismo) lançou na internet o Museu Global do Comunismo, uma iniciativa que pretende "contar a história completa do comunismo", incluindo "mostras sobre cada nação e pessoa que sofreu" sob o regime e um "Registro de Vítimas global". Embora ainda bastante incompleto e um tanto comedido nas estimativas - apenas 73000 mortos sob a tirania do Dr.Castro, contra análises que falam em 17, 19 milhões de pessoas -, o Museu, alimentado por especialistas(Richard Pipes entre eles), tem tudo para se tornar uma importante fonte de consultas para todos aqueles interessados em conhecer a ideologia mais genocida de todo o sangrento (e para algumas vítimas, longuíssimo) século XX.

domingo, 14 de junho de 2009

Entre a liberdade e Hugo Chávez

Em artigo publicado no jornal El País, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, que recentemente participou de um encontro em Caracas, escreve sobre o autoritarismo na Venezuela de hoje e sobre os opositores de Hugo Chávez.

Uma sentença de morte

Texto publicado no jornal Zero Hora trata dos campos de trabalho forçado da Coreia do Norte, onde milhares de pessoas são torturadas e escravizadas.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Senhores do nosso destino: governo quer Nazaré longe das criancinhas.

Do site Na Telinha:

Mais uma vez preocupadíssimos com as criancinhas, o Ministério da Justiça obrigou a Rede Globo a reclassificar a faixa etária da novela "Senhora do Destino", atualmente sendo reprisada às tardes no programa "Vale a pena ver de novo", para 12 anos. Com isto, a novela só poderá ser exibida após as 20h. O motivo, segundo o ministério, é a quantidade de cenas de sexo, violência e agressão verbal inadequadas para o horário. Desde que iniciou a reprise da trama, a emissora já teve de fazer diversas edições e cortes na novela a fim de agradar os tutores/censores governamentais.

Ironicamente, a novela deve o seu sucesso à vilã Nazaré, cuja característica marcante foi a preocupação demasiada com as criancinhas alheias, ao ponto de seqüestrar uma delas para criá-la e matar os que soubessem algo a respeito.

Enquanto isso, o governo, no melhor estilo Nazaré, assume cada dia mais o papel de senhor do destino dos pequenos, ensinando conhecimentos vitais como utilizar pênis de borracha, distribuindo camisinhas nas escolas e perseguindo pais que se atrevam a achar que educam seus filhos melhor do que burocratas do MEC, inclusive ameaçando-os de tomar-lhes a guarda das crianças.

Que Nazaré fique longe das criancinhas! E seus pais e mães também...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ninguém entende, ninguém explica

Em qualquer democracia minimamente digna do nome, o Presidente da República(ou o primeiro-ministro) é sempre alvo privilegiado dos mais diversos tipos de humor. Com maiores ou menores graça, sensibilidade e audácia provocativa, humoristas vários se debruçam sobre o chefe do Executivo federal e satirizam trejeitos, maneirismos verbais, tropeções retóricos(ou não), gafes diplomáticas e tudo mais que possa ser matéria de piada, produzindo uma coleção de visões em torno de um mesmo personagem que vai do chiste episódico e superficial ao comentário político mais constante, explícito e pretensioso - e tudo isso em diferentes suportes e meios de comunicação, atingindo de variadas formas boa parte da sociedade nacional e, eventualmente, internacional. Com o Presidente Lula(já há piadas prontas aqui, aliás) não foi exceção, felizmente: vítima habitual dos próprios arroubos discursivos e de singular arrogância que no mais das vezes mal e mal se esconde por trás de uma sabedoria pretensamente inerente ao coletivo dos humildes, o ex-metalúrgico e militante profissional que ora nos preside já é objeto de todo um anedotário específico, melhor conhecido quanto mais o indivíduo lê ou ouve as pérolas que Sua Excelência profere. E é a esse anedotário que somamos, sob a rubrica tragicômica, a beleza que vem abaixo:

"Indagado se a decisão fortalece a OEA, o presidente afirmou que mais do que fortalecer a entidade, a revogação da suspensão ao país caribenho foi um ato em que 'prevaleceu o bom senso', porque 'ninguém mais conseguia explicar, ninguém mais conseguia entender'.De acordo com o presidente, o período em que Cuba foi 'o patinho feio' acabou, e isso 'foi bom para o mundo'".

Isso é o Presidente Lula, falando dessa feita sobre o fim da suspensão que impedia a ditadura comunista cubana de ingressar na OEA. Para nosso digníssimo molusco-em-chefe, ninguém entende(olha a arrogância aí: ninguém, absolutamente ninguém entende o que ele não entende, justifica o que ele considera injustificável), ninguém consegue explicar porque Cuba permanecia excluída da OEA. Na fala do presidente, a situação parece beirar o surreal: a exclusão da Ilha dos(updated) Drs.Castro não teria explicação alguma, seria - ainda que não explicitado - mera birra estadounidense, mais uma (dentre incontáveis birras!) desse país imperialista e malvado que, veja só, forçaria a ausência de um país irmão em fórum de deliberação política tão fundamental para os povos de nuestra America.

Mas faltou combinar com o acaso, esse reacionário: menos de 24 após a declaração do Ungido de Caetés, o governo cubano prendeu em espetacular operação marítima um grupo de proletários desesperados que tentavam escapar das revolucionárias conquistas da república popular do povo socialista, possivelmente instigados pela incessante propaganda contra-revolucionária do Império vizinho. As fotos são reveladoras: tão intelectual e emocionalmente subjugado pelas promessas do consumismo febril e antiecológico do Tio Sam maligno, um iludidíssimo servo da gleba caribenha chega a saltar alucinado em direção ao mar, mesmo após já estar absolutamente patente que eles foram, graças ao bom Marx, devidamente abalroados e inequivocamente capturados pelos diligentes tentáculos da pátria-mãe gentil.

Tragicômico à parte, ficam as perguntas: é realmente possível ignorar imagens dessas com cinismo, disfarçá-las com ideologia? É realmente preciso ser liberal - ou conservador ou, genericamente falando, em algum grau anti-esquerdista - para se chocar com a visão do homem cubano atirando-se enlouquecidamente ao mar, pensando sabe-se lá o que, temendo sabe-se lá que castigo? É realmente possível não perceber que essas pessoas não são - e a discussão sobre políticas imigratórias fica para depois - cidadãos sendo presos por país que quer impedi-los, por algum motivo, de entrar em seu território - mas sim indivíduos sendo capturados em alto-mar e levados à força, qual escravos mesmo, para um pedaço de terra que decidiram voluntariamente abandonar, arriscando sobre isopôr ridículo as próprias vidas? Podemos de fato acreditar que o Presidente da República Federativa do Brasil, limitações culturais à parte, não consiga sequer sentir aquilo que a média da humanidade sente, quase que imediatamente, quando contempla cena tão inacreditável, tão reveladora do drama e do horror da vida em um país-prisão?

Realmente: ninguém consegue explicar, ninguém consegue entender.

PS - Dificultando ao máximo a emigração de seus cidadãos, o governo cubano só faz acompanhar a política de países comunistas congêneres, de ontem e de hoje - antes um Muro de Berlim, atualmente uma polícia costeira a catar balseros que fraquejam e traem a revolução. Por trás de tanto zelo, muita realpolitik: a saída voluntária do socialismo em construção rumo à exploração capitalista seria (e de fato foi, mesmo que restrita a um mínimo por muros, cercas, fuzilamentos) um dano enorme para as ditaduras de partido único, constituindo uma legião de dissidentes no mais das vezes enormemente dispostos a falar o quanto sofriam sob o comunismo e usufruir das benesses do sistema econômico condenado pela História. Mas há algo mais ideológico por trás da coisa: como nos mostra o excelente texto A Tortura pela Esperança, do nobre(em mais de um sentido) contista francês Villiers de L'Isle-Adam, o ideólogo - no conto dele, um inquisidor católico; discutimos depois se catolicismo é ideologia - é antes de tudo alguém que está tão absolutamente certo de possuir uma verdade suprema ignorada pelos demais que entre suas atividades se propõe, talvez principalmente, a proteger todo e qualquer ente ainda ignorante da Revelação de seus próprios pecados, de suas próprias falsas escolhas, motivadas por uma visão equívoca do mundo. No conto, o inquisidor impede um infeliz e torturado prisioneiro de fugir da condenação divina que aguardava seu corpo, lamentando mesmo e amorosamente (sim, amorosamente) que o homem não tenha entendido e aceito, no fim da vida, o pecado que cometia ao não abdicar do judaísmo e a punição que mereceria por tão vil atitude. Na ilha-prisão de Cuba, não há porque duvidar que muita gente (esfriamento ideológico e doble moral de lado) realmente lamentou pelos homens terem se atirado ao mar e, amorosamente, se vê disposta a protegê-los de si mesmos e das mentiras em que acreditam.