sábado, 23 de maio de 2009

O rato que ruge

No ano passado, a blogueira cubana Yoani Sánchez ganhou o Prêmio Ortega y Gasset de Jornalismo Digital, honraria a ela concedida pelo prestigioso jornal espanhol El País - mas não pôde receber a comenda, pois sua viagem à pátria-mãe do cárcere ilhéu em que vive foi impedida pela quase cinquentenária nomenklatura habanera, respondendo sem dúvida ao desejo último dos inesgotáveis irmãos Castro, Cérberos máximos do quase mitológico Hades(elísio para uns, horror para outros) caribenho. Distante do céu que lhe confiscaram, restou à alma de Yoani manter o voô turbulento que ainda lhe permitem - o site Generacion Y, atualizado via tropicais artimanhas em lan houses e cibercafés hoteleiros tolerados pelo regime como salamaleque adicional (espécies de jineteras virtuais) para os europeus que compram folclore político e decadentismo urbano com moeda forte. Sofrendo o pão que o burocrata amassou para atualizar uma mera página de oposição ao regime vigente, a internauta mais famosa de Cuba ainda pode se dar por satisfeita - incomodasse via internet os poderes estabelecidos em países outros (ou não) e nossa musa involuntária poderia estar em cela de cadeia ou mesmo acolchoado(?) manicomial, acusada de fofoca virtual ou ensandecimento puro e simples.

Mas a sacanagem libertária tarda, jamais falha: em genial peça publicitária criada para a Sociedade Internacional pelos Direitos Humanos, a seção frankfurtiana da agência Ogilvy mostra o algoz de Yoani, Raúl Castro - e também Chávez e Ahmadinejad - entregando completamente a cuba libre diante da ameaçadora presença de um... Mouse, esse elemento periculoso que tende a ser cada vez mais controlado (e instrumentalizado) pelos facínoras alucinados de todos os cantos. Um humor que você não verá no Gramna - e que a quase totalidade dos cubanos, infelizmente, ainda não verá em lugar algum.