Em um intervalo inferior a 30 dias, Londres testemunhou dois vandalismos que atingiram o seu sempre efervescente cenário cultural: no primeiro, tentou-se incendiar a residência de um pequeno editor local; menos de um mês depois, o alvo foi uma das muitas galerias de arte da cidade. Pouco repercutidos pela imprensa, esses ataques não sinalizam qualquer insólito surto de antiintelectualismo em uma capital de tantas letras e tintas; mas eles estão sim unidos por uma razão mais profunda - e por razão que pretende ser nada menos que a maior Revelação do transcendente aos homens dessa terra. Martin Rinya e Sarah Maple, respectivamente editor e pintora vitimados pelos vândalos, cometeram a audácia de ofender involuntariamente o grande Profeta Mafoma, o Maomé nosso de cada dia; como resposta, piromaníacos e uma porta destroçada. Assustado, Rinya já preferiu a autopreservação (e a autocensura) ao livro; a jovem (inglesa e muçulmana) Sarah, subitamente famosa, pretende continuar expondo seus polêmicos quadros - mas sabe que o apoio recebido da galeria pode não durar para sempre.