O crime é parte fundamental da história prática do marxismo desde muito cedo: considerando que atentar contra a propriedade burguesa era não apenas direito como dever do bom revolucionário, os bolcheviques já financiavam sua revolução com assaltos a banco mais de uma década antes daquele triste outubro de 1917. Mas é com a tomada do poder que o butim ao frágil capitalismo russo ganha contornos sistemáticos - e passa a contar com a fundamental colaboração de elementos estrangeiros da própria classe espoliada: em resenha para a revista inglesa Literary Review, o historiador Simon Sebag Montefiore (A Corte do Czar Vermelho) comenta livro de Sean McMeekin que acompanha o saque comunista às riquezas da finada Rússia czarista - descrevendo uma sanha tal que não poupou sequer o cadáver ilustre da Imperatriz Catarina, A Grande. Como coadjuvantes de luxo ou coprotagonistas dos crimes, ricos banqueiros ocidentais aparecem dispostos a financiar a sobrevivência de um regime que deveriam combater - tornando-se assim cúmplices de horrores bem maiores que já ocorriam e ainda iriam piorar inacreditavelmente.