Há 40 anos, a Primavera de Praga era esmagada com um banho de sangue. Foi o começo do fim do comunismo, como explica o historiador Tony Judt: "A ilusão de que era possível reformar o comunismo, de que o stalinismo tinha sido um desvio, um equívoco que ainda poderia ser corrigido, de que os ideais básicos do pluralismo democrático poderiam, de certa maneira, ainda ser compatíveis com as estruturas do coletivismo marxista - essa ilusão foi esmagada pelos tanques em 21 de agosto de 1968, e jamais pôde ser renovada. Alexander Dubcek e seu Programa de Ação não foram um princípio, mas um fim. Radicais ou reformistas jamais voltariam a recorrer ao partido para a concretização de suas aspirações ou implantação de seus projetos. O comunismo da Europa Oriental seguia aos trancos, sustentado por uma estranha aliança firmada entre empréstimos internacionais e baionetas russas: a carcaça pútrida só foi, finalmente, levada embora em 1989. Mas a alma do comunismo tinha morrido vinte anos antes: em Praga, em agosto de 1968" (Pós-guerra, Rio de Janeiro, Objetiva, 2008, p. 451).